Por: Caruline Evarista
INTRODUÇÃO
John Dewey foi um filósofo norte-americano que deu importantes contribuições para a filosofia educacional durante a primeira metade do século XX. Sua obra consistiu em questionar os métodos de ensino predominantes na época, propondo uma abordagem que integra teoria e prática. Essa abordagem foi fundamentada na moral de Dewey de que a democracia está intrinsecamente ligada à liberdade (WESTBROOK,2014).
No decorrer dos séculos XIX e XX, o sistema educacional norte-americano adotou abordagens pedagógicas tradicionais que se baseavam na memorização passiva do conhecimento, gerando um ambiente de ensino desinteressante. Diante das limitações desse modelo educacional, o filósofo John Dewey, reconhecendo a importância da liberdade individual e da participação ativa na sociedade como elementos fundamentais para o desenvolvimento humano e a construção de uma democracia saudável, concentrou-se em explorar a área pedagógica e introduzir uma nova abordagem educacional (PEREIRA et al., 2013).
Dewey propôs técnicas pedagógicas inovadoras que desencadearam mudanças significativas no modelo educacional vigente. Essas técnicas, fundamentadas no pensamento liberal, levaram ao surgimento da Escola Nova ou Escola Progressista como uma alternativa ou oposição ao ensino tradicional (PEREIRA et al., 2013).
A filosofia de Dewey defendia que a escola deveria desempenhar um papel ativo na construção de uma sociedade melhor, valorizando as características individuais de cada aluno. Ao invés de se concentrar exclusivamente na transmissão de conhecimentos, a escola deveria proporcionar experiências práticas e concretas que permitissem aos estudantes desenvolver suas habilidades e se engajar de forma participativa na construção do conhecimento (PEREIRA et al., 2013).
Essa nova abordagem educacional, baseada nos princípios da Escola Progressista, um movimento educacional que enfatiza a importância da experiência e da participação ativa dos estudantes no processo de aprendizagem, visava formar cidadãos capazes de contribuir significativamente para a sociedade. Ao adquirirem habilidades e compreenderem os princípios democráticos e sociais através da educação recebida na escola, os estudantes estariam preparados para desempenhar um papel ativo e produtivo na sociedade (PEREIRA et al., 2013).
Neste estudo, buscaremos entender o conhecimento da filosofia de John Dewey e analisar o impacto de suas ideias na transformação do sistema educacional norte-ameicano. Para isso, faremos uso de referências bibliográficas, que exploram as contribuições de Dewey e o surgimento da escola progressista como uma abordagem alternativa ao ensino tradicional.
VIDA DE JONH DEWEY
John Dewey nasceu em Burlington, Vermont, uma pequena cidade agrícola do estado norte-americano, nascido no dia 20 de outubro de 1859, a sua família era protestante e priorizava a educação religiosa como parte de sua criação, foi casado duas vezes. A primeira, com Alice Chipman, em 1887, com quem teve cinco filhos. A segunda vez, em 1946, após a morte de Alice, Dewey se uniu com Roberta Grant e os dois adotaram duas crianças. John Dewey foi um Educador e filósofo americano que ajudou a fundar o pragmatismo, uma escola filosófica de pensamento popular no início do século XX. Graduou-se pela Universidade de Vermont em 1879 e exerceu as funções de professor do secundário, tempo em que desenvolveu um profundo interesse por filosofia.
Realizou o seu doutorado em Filosofia na Universidade Americana de Johns Hopkins, de Baltimore, em 1884, fez seu doutorado, baseado em estudos dos filósofos Immanuel Kant e Hegel e também do naturalista britânico Charles Darwin. Dewey exerceu a função de professor de Filosofia na Universidade de Michigan, onde ensinou a partir de setembro de 1884. Três anos mais tarde (1887), publicava o seu primeiro livro, Psychology, onde propunha um sistema filosófico que conjugava o estudo científico da psicologia com a filosofia idealista alemã. Após isso assumiu o cargo de professor de Filosofia Mental e Moral na Universidade de Minnesota, que assumiu em 1888.
Porém, no ano seguinte, após a morte súbita do seu mentor, George Morris, regressou à Universidade de Michigan para lecionar por anos, tornando chefe do Departamento de Filosofia. Em 1894, no entanto, saiu de Michigan para a recém-criada Universidade de Chicago onde logo passaria a liderar o departamento de Filosofia e o departamento de Pedagogia, criado por sua sugestão, onde ele pôde aplicar diretamente suas teorias pedagógicas então começou a formalizar seus pontos de vista que contribuíram tão fortemente para a escola de pensamento conhecida como pragmatismo se tornando uma referência no campo da educação frequentemente considerado um dos maiores pensadores do século XX.
Ao decorrer de sua vida acadêmica, o americano escreveu muito, sempre se interessou por política, movimentos sociais, religião, filosofia, psicologia e sociologia. Publicou centenas de obras, Entre diversas se destacam The School and Society ( “A Escola e a Sociedade”, 1899), Democracy and Education ( “Democracia e Educação”, 1938) Art as Experience (“Arte como experiência”, 1958) e (“Psychology”), 1887. Em 1904, Dewey ingressou na Universidade de Colúmbia, onde assumiu a direção do departamento de filosofia, na qual permaneceu até seus últimos dias, finalizando sua carreira em Nova Iorque aos 93 anos.
A partir da Primeira Guerra Mundial interessou-se pelos problemas políticos e sociais. Deu curso de filosofia e educação na Universidade de Pequim em 1919 e em 1931. Elaborou um projeto de reforma para a Turquia em 1924, visitou o México, o Japão e a U.R.S.S., estudando os problemas da educação nesses países.
Dewey contribuiu imensamente na área da filosofia da educação e na pedagogia. Foi um filósofo que defende a educação como o processo de reconstrução da experiência entre os indivíduos participantes da democracia que para ele era o processo da experiência educacional, faleceu em Nova Iorque, em 1952, aos 93 anos. John Dewey (1859-1952).
ESCOLA E METODOLOGIA DE DEWEY
De acordo com Dewey (1979, p.83), "a educação não é preparação para a vida, é a própria vida". Na proposta deweyana, o aluno não aprende para viver em sociedade, mas sim vive para aprender, idealmente em uma escola democrática integrada à sociedade. Esta escola nova quebra a visão antiga da escola clássica tradicionalmente ditatorial e rigidamente hierárquica, onde os alunos não tinham voz e eram isolados da sociedade.
Se a sociedade é onde o aluno coloca seus conhecimentos em prática, uma escola não integrada à sociedade é uma escola que visa apenas o conteúdo teórico e não prepara o aluno para o mundo.
Seguindo um viés pragmático, a metodologia de Dewey põe em prática o conhecimento ao invés de ficar só na teoria. Esta metodologia valoriza a aprendizagem através da experiência, da testagem, do "aprender fazendo", colocando o professor não como um bombardeador de informações, mas um guia que irá despertar o interesse do aluno e auxiliá-lo a fazer a experiência com suas próprias mãos, mediando o aluno e o contato com a sociedade. O aluno aqui não é só um receptor de conhecimento, mas um indivíduo respeitado e com voz, que deve participar da aula para de fato aprender. Alunos quietos são incentivados ao invés de excluídos e descartados. Conhecimento antigo é revisitado e trazido de volta para a sala de aula, em um processo de continuidade do exercício educativo.
Essa visão educacional reflete a forma natural em que as crianças aprendem a andar, falar, nadar, desenhar, e outras diversas habilidades que são essencialmente práticas: através da tentativa e erro, pois a criança não pode ter medo de errar, pois o erro também faz parte da construção e fixação do aprendizado. Não se ensina alguém a andar de bicicleta sem uma bicicleta. Da mesma forma, as escolas não deveriam ensinar química sem de fato mexer com química, ou ensinar matemática sem mostrar sua utilidade prática.
"A perspectiva deweyana vislumbra uma sociedade harmonizada a partir da educação científica para todos e tem, na atividade infantil, o elemento que possibilita formar um homem que saiba lidar com situações diversas no cotidiano, que participe coletivamente das decisões e valorize sua capacidade individual, pois essa característica o diferencia dos demais, sendo mais reconhecido aquele que consegue usar sua inteligência a serviço de uma finalidade, seja ela educativa ou produtiva." (OLIVEIRA et al., 2012, p.270)
De acordo com Débora Necochea (2023), Dewey também dava valor ao desenvolvimento psicológico das crianças, sendo elas redentoras de individualidade e merecedoras de uma escola democrática, onde todos possuem direitos iguais e podem conhecer a realidade uns dos outros.
Débora Necochea também fala que na escola nova, o professor deve considerar a idade e o contexto local de onde o aluno mora, além de suas experiências de vida, crenças, relacionamentos e conhecimentos prévios.
Os métodos de Dewey vieram a ser chamados de "métodos ativos" por primeiro trazer a prática-ação da experiência e depois propor uma reflexão sobre o que foi experimentado, este sendo o processo passivo do método. Assim, o aluno experimenta diversas respostas diferentes frente a um problema e é capaz de refletir por conta própria como se chegar na resposta correta. Quando o professor oferece a resposta de graça, o aluno não é capaz de refletir diante seus erros, atrapalhando a absorção do conhecimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
WESTBROOK1,Robert B. EXPERIENCIA Y EDUCACIÓN (1938) JOHN DEWEY.Envigado, Julio de 2004.
PEREIRA, Eliana Alves. ET AL. A contribuição de john dewey para a educação. Revista Eletrônica de Educação, v. 3, n. 1, mai. 2009.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos. 21. ed. São Paulo: Editora Loyola, 2006.
DEWEY, J. Democracia e Educação. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1979.
HAMZE, Amelia. Escola Nova e o movimento de renovação do ensino. Disponível em: <https://educador.brasilescola.uol.com.br/gestao-educacional/escola-nova.htm>. Acesso em: 11 jun. 2023.
OLIVEIRA, M. A. G. de; NETO, A. Q. Infância e escola nova: um olhar crítico sobre a contribuição de John Dewey para a consolidação do pensamento liberal na educação. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.48, p. 269-285, Dez. 2012.
NECOCHEA, Débora. John Dewey e a escola nova. Débora Necochea Pedagogia, 27 mar. 2023. Disponível em: <https://youtu.be/A4dbZx_EJhs>. Acesso em: 11 Jun. 2023.
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